Danças Circulares e Simbolismo do Círculo
Livro: Danças Circulares Sagradas
Danças Circulares
As Danças Circulares representam uma retomada de antigas formas de expressão de diferentes povos e culturas, acrescidas de novas criações, coreografias, ritmos e significações próprias do homem inserido na realidade atual.
Uma vez que a maioria dessas danças está ligada à história dos povos, trazem, na sua essência, a qualidade de estimular a socialização e de resgatar o caráter participativo, incluindo todos os indivíduos, sem distinção ou hierarquia.
Os diversos ritmos e passos experimentados possibilitam uma ampliação no repertório de movimento de cada participante. Compartilhando-os com o grupo, cria-se uma linguagem particular que se estabelece com a dança e que vai sendo decifrada e assimilada por cada indivíduo à sua maneira.
Ao dançar em roda, o indivíduo coloca-se em contato com o seu corpo em movimento, com o seu ser em expressão e com o grupo, estabelecendo e transformando suas relações sociais. É um instrumento para a ampliação da consciência individual e grupal.
O Simbolismo do Círculo
A formação circular presente nessas Danças expressa um significado importante, pois o círculo - como um dos símbolos mais poderosos e uma das grandes imagens primordiais da Humanidade - representa a totalidade completa, quer no Tempo, quer no Espaço.
Exemplificando, Joseph Campbell declara que o aspecto espacial é definido na medida em que "tudo dentro do círculo é uma coisa só, circundada e limitada", enquanto o aspecto temporal diz respeito ao fato de que "você parte, vai a algum lugar e sempre retorna".
São infinitas as imagens circulares encontradas no mundo. De acordo com Erich Neumann, esses símbolos continuam tão vivos hoje quanto sempre estiveram, e têm seu lugar não só na arte e na religião, mas também nos processos da psique individual, manifestos em sonhos e fantasias. Para o autor, enquanto o homem existir, a perfeição continuará a manifestar-se "como o círculo, a esfera e o redondo" , expressões do estado perfeito em que os opostos estão unidos.
Em suas obras, C G. Jung refere-se às "mandalas" - palavra sânscrita que significa círculo - como símbolo do "si-mesmo", a totalidade da personalidade. Para ele, a meta do desenvolvimento psíquico é o "si-mesmo", e a aproximação em direção a ela não é linear, mas circular. Apresentada desta forma, a mandala simboliza também a individuação, pois torna-se a expressão do caminho que conduz ao centro.
Em uma estrutura circular, todos os pontos giram em torno de um centro e estão à mesma distância dele, fato que confere a este símbolo qualidades de igualdade e de unidade.
Da mesma forma, dançar em círculo nivela todos os indivíduos, eliminando a hierarquia e permitindo que, através do olhar, todos se reconheçam como participantes igualmente valiosos nessa configuração.
O movimento cadenciado, o ritmo e a participação de cada um na harmonia grupal fazem com que o círculo seja vivenciado como símbolo vivo e pulsante.
Ana Lúcia B. da Costa
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